Colorí meus sentimentos, pintando-os de todas as cores.
Clareei um pouquinho as Dores e às Alegrias dei mais movimentos.
Para a Tristeza, que gostava do escuro, que vivia debruçada no muro,
abri várias janelas para que assim pudesse ver as flores amarelas em
fase de crescimento.
Para a Inveja, que só olhava de lado e nunca para dentro de si mesma,
desenhei um coração magoado, como se estivesse dizendo:
"Vê como me sinto dentro de ti!"
Para o Ciúme, que é insegurança, tracei bonitas lembranças, amarrei-as
num laço de fita em tom esverdeado, e disse:
- CUIDADO! Ciúme é inimigo da Confiança.
Descansei um pouquinho das coisas doloridas, e foi quando vagando
dentro de mim cheguei à Esperança e à Bondade. Bem, na verdade, não
as pintei porque as duas JÁ SÃO COLORIDAS!
Para o AMOR, dei vários matizes:
num canto pintei de azul com bolinhas brancas,
no outro, o vermelho encarnado,
mas não me esquecí do tom das raízes, porque o Amor é muito invocado,
se contrariado, às vezes embrutece e se tranca; outras vezes, se
enternece emocionado.
Assim é o nosso coração; pode dizer não, querendo dizer sim, mas
também pode inverter a posição e deixar todo mundo grilado.
O jeito então, é entender que ele é como um velho casarão, que quando
perde o colorido, precisa depressa ser pintado.
Texto retirado do livro: A estrela de cada um.